É BOMBA?!

Daniel Hippertt
13 min readOct 8, 2021

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Imagina sair para tomar sorvete tranquilamente e, de repente, se encontrar em meio a uma cena de filme de ação: esquadrão anti-bombas rodeando uma mochila abandonada, clima de tensão no ar, garçonetes apreensivas. Isso aconteceu comigo semana passada.

Um dia de Guerra ao Terror (2008)

Meu grande amigo Kevin — que provavelmente não lerá essa crônica, visto que é chileno e não fala português — , resolveu retornar ao país natal. Passamos seis meses juntos em Tel Aviv, em especial o último, quando ele foi figurinha carimbada aqui em casa. Viemos a Israel para um programa de estudantes, que se encerrou entre os últimos dias de agosto e primeiros de setembro. Havia uma série de comodidades, como moradia garantida, por exemplo. Após o término do currículo, acabou-se o que era doce, e precisamos procurar cada um nosso lugar para morar. Já contei antes da Odisseia que foi achar apartamento, mas em resumo, acabei por viver com três amigos. Kevin, que não tinha certeza do que fazer na vida, acabou por aceitar um quarto na casa de um tio distante, em Giv’Atayim, cidade (ou bairro, não tenho certeza) satélite de Tel Aviv.

Eu e meu amigo Kevin, prestes a embarcar em uma odisséia espacial.

Kevin não estava a desfrutar a melhor das experiências. Confessou que o aposento que recebera funcionava como um depósito, entulhado pelos moradores da casa com tudo que não utilizavam.

Em bom português, o cara herdou o QUARTINHO DA BAGUNÇA.

Aquele lugar onde caixas empoeiradas de ferramentas, pés-de-pato sem par, snorkel, barracas de camping, e o material caríssimo de qualquer aula que um dia alguém se empolgou em fazer num surto, mas frequentou uma vez apenas (pode inserir qualquer hobby aí: pintura, artesanato, judô, jardinagem, crochê, squash, literalmente qualquer hobby), convivem harmoniosamente (?).

O ser humano tem essa coisa acumuladora, né? A gente guarda um monte de objeto que nunca mais vai usar, por simples acomodação mental. Afinal, se está ali, ainda há a possibilidade de ser retomado qualquer dia, não é? Eu lembro bem da vez que gastei quase 500 pratas num kimono para praticar jiu jitsu. Fui em duas aulas para nunca mais, mas o uniforme ficava guardadinho ali, caso eu mudasse de ideia.

Nunca aconteceu.

Quando saí da casa dos meus pais, o kimono não me acompanhou. Ficou lá perdido na coletânea de “e ses” que a vida nos reserva. Acho que tudo bem também. De repente esse é o jeito que as coisas funcionam, nem sempre você se sente motivado a continuar com os planos que traçou.

Imagens de um típico QUARTINHO DA BAGUNÇA

Nos últimos meses, no entanto, acho que a palavra-chave é mais disciplina do que motivação. Ouvi um trecho de podcast no qual o médico esportivo Paulo Muzy foi entrevistado, que reflete bem o que penso.

“A vida não é sobre motivação. A vida é sobre disciplina. Disciplina para treinar, ser um cara bom, antenado no que está acontecendo (…) As pessoas não fazem aquilo que elas não compreendem. Sabe por que você não treina? Porque depois de um mês você olha para a sua barriga e não vê resultado. Sabe por que você não continua? Porque quando você tem a sensação de estar exausto, seu corpo não reflete o esforço que você faz.”

Calma, não precisa revirar os olhos só porque o assunto virou musculação! Eu consigo extrair duas conclusões dessas aspas que podem se aplicar a tudo na vida. A primeira é que nem sempre esforço reflete um trabalho bem feito, como o próprio Muzy relata na sequência da fala, mas a mais importante para mim é a seguinte:

Não dá para você querer ser o melhor do mundo em algo que acabou de começar. Sempre que a gente busca um hobby, vamos atrás de algo com a esperança de termos um talento nato e irrebatável naquilo. Quer dizer… Eu, pelo menos, quase sempre fiz isso inconscientemente. No entanto, agora percebo que aproveitei mais as oportunidades quando não as encarei como uma obrigação para ser fantástico desde o princípio.

Comecei a jogar futvôlei agora, duas vezes por semana. Eu sou sofrível, mas tenho plena consciência do fato, e melhoro um pouco a cada aula. Não entrei achando que seria o Pelé do esporte e, quando vi, já tinha avançado um nível, para uma turma mais experiente. Paciência e constância são muito mais relevantes que talento.

Esse sou eu jogando fut-tênis, que é bem mais fácil que futvôlei, diga-se de passagem.

Ah sim, mas o Kevin…

Ele tava nesse quarto-depósito, longe de tudo. Não demorou para que virasse habitué aqui em casa. Vale ressaltar que setembro é recheado de feriados judaicos: Rosh Hashaná, Yom Kippur, Sucot e Simchat Torá, cada qual em uma semana. Esse ano, por coincidêmcia, todos eles cairam às terças ou quintas. Então foi praticamente férias coletivas. O Kevin aproveitou dessa situação para se apropriar de um espacinho no confortável pufe que temos na sala de tv — já que o sofá estava tomado pelo Thiaguinho, que voltou para o Brasil no último dia 22, e ainda será tema de texto aqui.

Kevin já era nosso amigo, mas ficou ainda mais, claro. Demos água, comida e roupa lavada pro cara! Aos poucos, ele foi se abrasileirando. Soltava uma palavra ou outra em português. É também dono de um tipo de humor que me agrada muito, sarcástico e autoafirmativo. A gente dava muita risada junto.

Eu e o chileno criamos um laço forte de confiança e afeto. Conversávamos sobre a vida, os planos e, é claro, as mulheres. Ele não tem uma visão dos relacionamentos tão romântica quanto a minha, mas também é mais um em busca de amar e ser amado. Por coincidência, teve um caso passageiro com uma brasileira que retornou às terras tupiniquins, mas depois flutuou de flor em flor, sem encontrar um sabor que o agradasse.

Um detalhe interessante é que o Kevin se impressionava com a habilidade do André — outro dos meninos que divide a casa comigo — com o gênero oposto. Ele queria muito entender a habilidade especial proveniente do rapaz, aprender o método utilizado para atrair a atenção de tantas mulheres.

Coitado do Kevin…

Não entendeu que o talento do André é ser bonito pra caralho.

Sério, nada mais que isso. Ruivo, cara de menino, alto, corpo de atleta, todos os dentes no lugar. Não baba na hora de conversar e consegue trocar mais de cinco palavras sem parecer idiota.

Esse é o André. Vai me dizer que não é lindo esse arrombado?!

Só isso.

Às vezes eu penso que mesmo babando e parecendo idiota, o André ainda teria uma injusta vantagem competitiva sobre os demais.

Certa feita fizemos uma pequena festa aqui em casa. O Kevin tava de olho em uma moça.

O que ele fez?

Foi pedir conselho para o André.

O André pensou na primeira sacanagem que veio à cabeça, virou para ele e falou:

“Cara, vai lá e pergunta quem ela prefere: o LeBron James, ou o Michael Jordan”.

O Kevin entendeu que o André tava só tirando uma onda com a cara dele?

Não, né…

Chegou no ouvido da menina, com toda a malemolência do mundo e disparou o questionamento sobre quem ela acreditava ser o maior jogador de basquete de todos os tempos.

Ela respondeu Michael Jordan e aí eles se beijaram!

Aham… Claro que não, né porra!? Ela primeiro se assustou com quão brusca foi aquela interação, depois pulverizou o coitado com o olhar de cima abaixo, com aquela feição de quem não entendeu absolutamente nada do que foi dito.

O Kevin, coitado, fugiu de vergonha.

Enquanto isso o André ficou rindo — e a gente também, claro. Sabe o que dá mais raiva? Provavelmente esse papinho horroroso funcionaria pro Dé.

“E aí, você prefere LeBron ou MJ?”

“Prefiro você, gato! Vemk!”

Lebron ou Jordan? Pro Kevin ficou no 0 a 0.

Eu confesso que nunca aprendi a conquistar ninguém — ou me sentir conquistado — com poucas palavras. É necessário conversar, filosofar, abstrair, projetar, teorizar, compartilhar, construir, argumentar e, não menos importante, viajar na maionese. A moça que me acompanha por todas essas etapas, normalmente ganha meu coração e, por sorte, a recíproca costuma ser verdadeira também.

Nas boates da vida você me verá dançando, muito provavelmente. Beijando na boca de uma completa desconhecida? Rapaz, aí já é um acontecimento raro. Eu sou incapaz de seguir um roteirinho de vendas e chegar com discurso pronto em cada moça, que em ambientes assim são prospectadas, diga-se, com base em critérios absolutamente superficiais.

Marketeiro e vendedor eu sou só no trabalho. Casa de ferreiro, espeto de pau. Um brinde à espontâneidade.

Você tá loucx pra eu chegar na parte da bomba, né?

Eu nunca disse que esse era um texto jornalístico, tá? Meu método para escrever é só deixar os dedos fluírem sobre o teclado. Eu tenho uma ideia geral do tema, mas outros subtemas aparecem e eu preciso compartilhar meus pensamentos, afinal, aqui é o único lugar onde eu posso tecer monólogos infindáveis sem ser interrompido.

*AI QUE NARCISISTA! NÃO CABE NO SEU EGO, NÉ DANIEL?! FALA LOGO DA BOMBA, AS PESSOAS SÓ LERAM ATÉ AQUI PARA SABER DISSO! TÁ TODO MUNDO REVOLTADO JÁ!*

Calma lá, revoltado fiquei eu quando, em uma bela madrugada, voltei à casa por volta das quatro e tanto da manhã. Girei a chave e abri a porta. Quer dizer…

Tentei abrir.

Isso mesmo. Alguém passou o trinco e me deixou do lado de fora. Para deixar a situação um pouco pior, eu não estava sozinho — , se é que vocês me entendem…

Sim, eu tirei uma foto às 4h30 da manhã e mandei no grupo de Whatsapp da casa com a legenda: “Why, guys?”

Tentei acionar os moradores do apê e nada.

Puta que pariu…

“Vamos lá pra casa, então” — ela disse, salvando o dia.

Adivinha quem me deixou trancado para fora da minha própria casa?

O Michael Jordan ou o Lebron James?

Pois é, o Kevin chegou meio doidão de uma festa e passou o trinco na porta, sem conferir se todos os habitantes da residência se encontravam no recinto.

É claro que na hora que eu cheguei, no calor do momento, eu fiquei meio puto com o fato, mas quando acordei no dia seguinte, em uma casa que não era a minha, eu já tava achando graça do negócio.

Mas mesmo se eu quisesse continuar chateado, acho que seria impossível. O Kevin ficou tão arrependido, mas tão arrependido, que tava me dando dó até. O cara me abraçou, pediu desculpa mil vezes, só faltou ajoelhar. Fez aquela cara de Gatinho do Shrek e o cacete. No dia seguinte, trouxe de presente para mim uma garrafa de CAFÉ ESPECIAL COLD BREW, que diga-se de passagem, é uma frescura cuja existência eu desconhecia.

Tinha que ver a garrafa, pô! Aquelas de vidro, toda torneada, tampa de rolha, com pinta de drink caro envelhecido em barril de carvalho. Cheia de pompa mesmo. O gosto? Olha, não quero ser deselegante, mas posso afirmar que virou item de mistura para mim, já que eu só conseguia beber o CAFÉ ESPECIAL COLD BREW misturado com Whisky, ou então em uma vitamina de banana que eu faço com gengibre.

Whisky ou vitamina de banana com gengibre.

Pode falar muita coisa do CAFÉ ESPECIAL COLD BREW, menos que ele não é polivalente, tá certo?

O nosso estimado CAFÉ ESPECIAL COLD BREW.

Mas sim, a história da bomba, né? Tá chegando agora, juro.

O Kevin viveu um grande dilema ao longo das últimas poucas semanas. Ele tinha duas ofertas de trabalho. Uma em Tel Aviv, outra em Santiago. A primeira seria uma posição de entrada em uma empresa de high-tech, mas a indústria de tecnologia aqui paga muito bem, portanto, uma vaga com um salário absolutamente chamativo para o padrão latinoamericano, ao qual estávamos acostumados. Na capital sul-americana, a oportunidade tratava-se de assumir como CEO uma startup, cuja ideia parecera promissora a ele.

O trampo em Israel pagava melhor, mas a chance chilena poderia catapultar a carreira dele.

Kevin preferiu o risco. Resolveu que voltaria ao país natal.

Decidiu num dia, fechou no outro a passagem. Já voaria no começo da semana seguinte . Tudo muito rápido, principalmente em um mundo assolado pela Covid-19.

Meu amigo resolveu na véspera que se despediria em um café/doceria chamado Max Brenner, muito famoso por aqui pelas sobremesas gigantescas e, na maioria das vezes, deliciosas que oferece. Montou uma mesa grande, acho que tinham umas 20 pessoas no total, todas elas vieram no mesmo programa de estudo que a gente.

O local do encontro final com Kevin: Max Brenner café.

Eu cheguei lá, acompanhado pela mesma moça que estivera no episódio da porta trancada. Durante a minha vida, formei muitos grupos distintos de amigos, em cidades e até países diferentes, mas há algo em comum entre todos eles: já vou chegar lá. Eu nunca fui muito de me relacionar com mulheres que frequentassem o mesmo núcleo-duro de amigos que eu. Normalmente eu conheço alguma cremosa de fora, algumas vezes amiga de amigos e trago para apresentar aos meus friends. Sempre que o episódio de introduzir a moça à roda acontece, o mesmo fenômeno se repete.

Os rapazes aproveitam um minuto em que eu estiver sozinho, chegam e perguntam quem é a nova adição ao grupo e como nos conhecemos. As moças, com exceção das minhas melhores amigas que são escrachadas por natureza (alô Vitória, essa é pra você!), normalmente vão até os outros rapazes e perguntam quem é a nova adição ao grupo e como nos conhecemos.

O que muda, além, óbvio, da pessoa que recebe a pergunta?

As moças geralmente acrescentam uma dúvida a mais, algo como: “Mas será que é sério?”

Como eu sei disso?

Bem, os rapazes sempre compartilham as moças que perguntaram.

Caraca, acabei de reparar que talvez eu tenha exposto um código secreto milenar de honra e conduta. Foi mal aí, galera!

A questão é que esse padrão é universal, bicho. Sempre é a mesma coisa.

Enfim…

*A BOMBA DANIEL! CARALHO, SEU FILHO DA PUTA, FALA DA BOMBA! EU TÔ AQUI HÁ 15 MINUTOS VENDO VOCÊ DIVAGAR E ESCREVER QUALQUER ABSTRAÇÃO IMBECIL QUE VEM À SUA CABEÇA. PORRA, VOCÊ NÃO É O CENTRO DO UNIVERSO, OK?! TÁ TODO MUNDO CAGANDO PROS SEUS NOVOS RELACIONAMENTOS! AS MENINAS SÓ PERGUNTAM SE É SÉRIO PORQUE FICAM ALIVIADAS POR VOCÊ PARAR DE ENCHER O SACO DELAS POR UM TEMPO. AGORA, PELO AMOR DE DEUS, FALA DA PORRA DA BOMBA!

EU NÃO AGUENTO MAIS!*

Tudo bem, então eu vou falar da bomba agora.

Da bomba calórica que foi a sobremesa que nós comemos no Max Brenner, eu e meu par da ocasião. Aliás, só um parêntesis a esse respeito. Sempre que vamos a restaurantes aqui, os garçons costumam fornecer cardápios tanto em hebraico, quanto em inglês. Eu de vez em quando tento me aventurar no idioma do Velho Testamento, mas é muito mais cômodo um ler da esquerda pra direita, sabe?

Então eu fui para o menu com letras reconhecidas pelo Ocidente, enquanto a bonita israelense resolveu decifrar hieróglifos.

Aí descobrimos que tinha um item no cardápio em hebraico que não estava presente na versão traduzida.

Um crepe de chocolate branco com pistache, servido com sorvete de creme à parte e calda de chocolate quente.

Tá no cardápio dos locais, não tá no dos gringos e a descrição me deu água na boca?

Era a escolha óbvia, né?

Rapaz, eu não sou muito de doce, sabe? Nunca fui. Com exceção de pudim de leite, pelo qual sempre fui emocionado, e pela mousse de côco da minha mãe, vivo sem açúcar sem sentir falta.

Mas meu amigo…

Você não tá entendendo o negócio.

Eu digo, sem pestanejar, que aquela foi uma das MELHORES sobremesas que eu comi em toda a minha vida. A gente raspou o prato se deliciando: causando inveja em pessoas ao nosso redor, que acompanharam exclusivamente o cardápio em inglês. Resolvi ser generoso e conceder ao Victor, mais um dos rapazes que mora comigo, uma mordida.

O olho do bichinho encheu de lágrima até. Ele comeu e fez uma oração.

E talvez essa oração tenha salvado nossas vidas, já que mal terminada a sobremesa, a garçonete nos interpelou e apontou a mesa vazia ao lado.

“Essa bolsa é de vocês”?

Todos acenaram negativamente com a cabeça.

Ela passou em outras mesas repetindo a mesma pergunta, antes de retornar à nossa.

“Não é de ninguém aqui mesmo, olhem com atenção”.

Cabeças em sinal de não.

Não deu um minuto, ela voltou.

“Gente, essa é a última chance, vocês têm certez…”

“Moça, com certeza não é de nehum de nós”, eu respondi, antes que ela terminasse a pergunta.

“Então vou precisar mover vocês para outra mesa agora mesmo”. — apontou, enquanto pegava o celular. Discou rápido o número e começou a falar em hebraico.

A polícia chegou ao local entre cinco e dez minutos depois. Fizeram um cordão de isolamento e progrediram para a bolsa abandonada.

Um misto de curiosidade e tensão tomou conta do ambiente, ou se não do ambiente, pelo menos daquela cacetada de latinoamericano junto, que nunca tinha visto uma operação dessa fora de qualquer filme de ação.

Não teve robôzinho defusador, nem um soldado especial vestido com traje anti-bomba como em Guerra ao Terror, então confesso que me senti levemente desapontado, mas ainda assim era um grande acontecimento.

Gente apreensiva. Alguns não desgrudavam os olhos, um cara chegou a começar uma live no Instagram com a operação anti-bomba.

Cara, uma live no Instagram…

Sério, onde a gente vai parar enquanto sociedade?

O policial encarregado chegou próximo ao elemento com potencial explosivo, lábios se morderam, testas e palmas das mãos suaram, olhos se arregalaram, enquanto ele partia em direção ao ziper da mochila. Ele começou a abrir devagarzinho, devagarzinho, devagarzinho.

devagarzinho.

devagarzinho.

de-
va-
gar-
zi-
nho.

KAAAAAABUM!!!!

Assim explodiu de alegria o meu coração, quando o policial retirou da bolsa um celular, uma echarpe, um conjunto de maquiagem e um molho de chaves que pareciam não apresentar muito perigo.

Mas nunca se sabe, né?

Passado o susto, dei um grande abraço no Kevin e disse que o amava. Fomos embora, eu e a minha acompanhante.

Só é possível imaginar a conversa que tomou conta da mesa depois disso. Porque essa é uma regra universal também. Após deixar o recinto com uma pessoa “desconhecida”, você vira assunto. No fim das contas, a fofoca foi mais explosiva que a mochila.

Ainda bem.

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Daniel Hippertt

Sou um cara que enxerga graça em situações cotidianas, que rio de mim mesmo com frequência, e que tento fazer os outros rirem (talvez sem o mesmo sucesso).